Há quem ama e quem odeia a internet, sendo universo de tanta informação, como desinformação, procrastinação e alienação, mas é indiscutível que o bom uso dela traz coisas tão boas, onde uma linha vai puxando a outra, como o nome desta seção e o ditado diz: “dá muito pano pra manga!”
Perambulando pela internet, encontro uma maravilhosa página colaborativa feita de e para mulheres, a Nós – repara o nome, a costura vai sempre permeando meu caminho, né não? 😂 – onde encontro num só lugar 3 das coisas que tanto gosto e me interesso: sustentabilidade, cultura e feminismo.
E da Nós (@nos.movemos), a maravilhosa sugestão de um documentário curta-metragem chamado “Absorvendo o Tabu”. Disponível na Plataforma Netflix, com duração de 26 minutos.
O documentário de 2018, ganhador do Oscar, aborda o tabu da menstruação entre meninas, mulheres e homens, e as mudanças ocorridas após a chegada de um maquinário de produção de absorventes de baixo custo que faz muitas mulheres tornarem-se independentes financeiramente. Tudo isso numa India rural, em que ao mesmo tempo que vemos tanta beleza na pele, traços, cores lindas em suas véus e vestimentas, também vemos tanta pobreza, descaso e desinformação.
Por muito tempo, também vivi o estigma da menstruação enquanto pequena e adolescente. Minha menarca foi aos 10 anos, a poucos dias do réveillon, na praia, onde justo usaria branco – logo eu, que era revoltada com cores claras 😂. Após este evento, passei anos odiando menstruar, e sempre com medo e vergonha de que pudesse manchar minhas roupas. Aquela frase: “amiga, vê pra mim se passou?” – pedindo pra ver se seu bumbum não estava sujo de sangue era um clássico todo mês. Sem contar a privação do sexo, que eu mesma impunha. Foi somente perto dos 30 anos que tomei consciência do meu ciclo menstrual, abandonei a minha cartela de pílulas anticoncepcionais e hoje aceito naturalmente minhas dores (mas nem tanto, alô remedinhos, chazinho e bolsa d’água quente), cores e todos os sentimentos advindos desse ciclo que dura em média 25 dias.
Por isso que falar abertamente sobre menstruação e entender os (e seus) ciclos torna-se tão primordial e este documentário pode ser um ótimo passo como abordagem em sala de aula ou na sala de estar, com alunos, amigos e família. Devemos trazer o assunto principalmente entre os homens e meninos para quebrarmos esses tabus.
Falando nisso, pensando na sustentabilidade, também é importante abordarmos o quanto de lixo se produz com a invenção de absorventes descartáveis e repensar o uso destes por ecoabsorventes e coletores menstruais. Felizmente, houve uma explosão de marcas autorais que investiram nesse nicho e achei maravilhoso! Porém, ainda noto que muitas mulheres ainda têm dificuldades de encarar seus fluxos, por acharem nojento o sangue menstrual e isso vai de encontro ao autoconhecimento.
Por isso trouxe aqui uma imagem dos meus processos de costura de um dos absorventes de pano que fiz e quem sabe futuramente rola um tutorial também? Durante meus ciclos tenho adotado o coletor menstrual e os absorventes de pano com bastante satisfação e hoje existem uma série de marcas tão queridas que produzem um mais lindo que o outro. Desde então, não gasto nenhum centavo a mais com absorventes descartáveis, tenho uma coleção de algumas marcas autorais e outras que ainda quero adquirir, e contribuo para girar a economia local, feita por mulheres. Logo abaixo, ficam as sugestões:
Lua Em Flor (@luaemflorr)
Transcender Natural (@transcendernatural)
Espaço Gaia (@gaia.espaco)
E você, tem mais alguma sugestão de livro, filme, documentário ou empreendedora e marca autoral que faz absorventes ecológicos? Escreve aqui embaixo e sinta-se bem à vontade para falarmos sobre os assuntos discutidos aqui, contar sobre os teus ciclos, como você encara, mudanças, etc.
Um carinhoso abraço.
Carol.